Por: Vanessa Proença
Estudante de graduação em Psicologia na Universidade Federal de Mato Grosso. Participante do Grupo de Pesquisa Estudos de Filosofia e Formação (EFF) - UFMT. Participante do Núcleo UFMT do Programa Observatório da Educação - Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida.
Um nome ou um
conceito? A partir do início do Colóquio houve uma espécie de estalo: Escrileituras
é também um conceito, uma unidade temática que permeia as Oficinas.
Escrileituras não é só o nome de um Projeto de Pesquisa. O Projeto em si, como
afirma Dalarosa (2011) “encontra potência no ato de criação”.
Por
encontrar potências em tal ato de criação, não podia ser diferente que o
conceito escrileitura, segundo
Corazza (2007), é um texto que reivindica uma postura multivalente de coautoria
entre leitor e escritor, para tornar-se, dessa maneira um exercício de
pensamento.
As
atividades realizadas pelo grupo e em grupo permitem compreender escrileitura não só como um nome de um
Projeto voltado para o campo da Educação. Permitem compreender que é em si um
movimento de escrita-pela-leitura e da leitura-pela-escrita. O pensamento é
provocado a criar textos ímpares, porém que não se fecham e são esquecidos, que
tornam-se duros, impermeáveis. São textos abertos em que o
autor/escritor/leitor pode interferir, traduzir para outras línguas.
Tomando
escrileitura como um modo de
ler-escrever há dois autores por nós conhecidos com os quais acho que o diálogo
pode ser estabelecido. O primeiro é Derrida. Tal autor afirma que “só artificialmente podemos separar um texto
da vida de seu autor” (DERRIDA apud MONTEIRO, 2013, p.60). Já o segundo é Nietzsche, e a sua afirmação,
presente no seu Zaratustra, é a de que “De tudo escrito, amo apenas o que se
escreve com o próprio sangue.” (NIETZSCHE, Assim Falou Zaratustra, Do ler e escrever).
Com
esses autores é possível trazer para a escrita uma das coisas que me chamam a
atenção nesse movimento de ler-escrever: uma escrileitura que além de reivindicar o autor, não dissocia sua obra
de sua vida, aspecto esse que temos que cuidar para não cair em uma leitura com
um quê de analítico, que acabam chegando a questões mais psicológicas. E
também, é uma escrita-pela-leitura de entrega, que deve conter o seu próprio
sangue, a sua luta nesse exercício de escrita e leitura. Escrileitura é um exercício de pensamento em meio à vida, com a
vida.
Referências
CORAZZA, Sandra. Os cantos de Fouror:
escrileitura em filosofia-educação. Porto Alegre: Ed. Da UFRGS e Sulina, 2007.
HEUSER, Ester Maria Dreher
(org). Caderno de Notas 1: projeto,
notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011.
MONTEIRO, Silas Borges. Quando
a pedagogia forma professores: uma investigação otobiográfica. Cuiabá:
EdUFMT, 2013.
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