sexta-feira, 18 de abril de 2014

Escrileituras

Terceiro texto produzido pro colóquio interno do EFF, unidade temática: Escrileituras

Estudante de graduação em Psicologia na Universidade Federal de Mato Grosso. Participante do Grupo de Pesquisa Estudos de Filosofia e Formação (EFF) - UFMT. Participante do Núcleo UFMT do Programa Observatório da Educação - Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida.

Um nome ou um conceito? A partir do início do Colóquio houve uma espécie de estalo: Escrileituras é também um conceito, uma unidade temática que permeia as Oficinas. Escrileituras não é só o nome de um Projeto de Pesquisa. O Projeto em si, como afirma Dalarosa (2011) “encontra potência no ato de criação”.

            Por encontrar potências em tal ato de criação, não podia ser diferente que o conceito escrileitura, segundo Corazza (2007), é um texto que reivindica uma postura multivalente de coautoria entre leitor e escritor, para tornar-se, dessa maneira um exercício de pensamento.

            As atividades realizadas pelo grupo e em grupo permitem compreender escrileitura não só como um nome de um Projeto voltado para o campo da Educação. Permitem compreender que é em si um movimento de escrita-pela-leitura e da leitura-pela-escrita. O pensamento é provocado a criar textos ímpares, porém que não se fecham e são esquecidos, que tornam-se duros, impermeáveis. São textos abertos em que o autor/escritor/leitor pode interferir, traduzir para outras línguas.

            Tomando escrileitura como um modo de ler-escrever há dois autores por nós conhecidos com os quais acho que o diálogo pode ser estabelecido. O primeiro é Derrida. Tal autor afirma que  “só artificialmente podemos separar um texto da vida de seu autor” (DERRIDA apud MONTEIRO, 2013, p.60).  Já o segundo é Nietzsche, e a sua afirmação, presente no seu Zaratustra, é a de que “De tudo escrito, amo apenas o que se escreve com o próprio sangue.” (NIETZSCHE, Assim Falou Zaratustra, Do ler e escrever).

            Com esses autores é possível trazer para a escrita uma das coisas que me chamam a atenção nesse movimento de ler-escrever: uma escrileitura que além de reivindicar o autor, não dissocia sua obra de sua vida, aspecto esse que temos que cuidar para não cair em uma leitura com um quê de analítico, que acabam chegando a questões mais psicológicas. E também, é uma escrita-pela-leitura de entrega, que deve conter o seu próprio sangue, a sua luta nesse exercício de escrita e leitura. Escrileitura é um exercício de pensamento em meio à vida, com a vida.

Referências

CORAZZA, Sandra. Os cantos de Fouror: escrileitura em filosofia-educação. Porto Alegre: Ed. Da UFRGS e Sulina, 2007.
HEUSER, Ester Maria Dreher (org). Caderno de Notas 1: projeto, notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011.

MONTEIRO, Silas Borges. Quando a pedagogia forma professores: uma investigação otobiográfica. Cuiabá: EdUFMT, 2013.

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