quinta-feira, 17 de abril de 2014

Biografema

Segundo texto produzido pro colóquio interno do EFF, unidade temática: Biografema

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Participante do grupo Estudos de Filosofia e Formação (EFF), mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso.

“Todo escritor dirá então: louco não posso, são não me digno, neurótico sou”. (Barthes, em “O prazer do texto”).

A partir da proposta do professor Silas e após um final de semana inteiro com Barthes, arrisco-me de uma forma simplista (poderia aqui, usar a desculpa da limitação de página, mas confesso minha inconsistência teórica) a fazer não uma definição de Biografema, mas sim um exercício conceitual.

O conceito de Biografema proposto por Roland Barthes pode ser apresentado como a biografia que flerta com a ficção, que não se restringe a uma vida histórica-cronológica, mas que sede espaço para a potência de uma nova vida através dos traços biografemáticos insignificantes e que se tornam disparadores de novos sentidos, novos textos, novas vidas. Sentidos que são tomados pelo “leitor” a partir da multiplicidade de signos que transpassam o texto (COSTA, 2010, p. 28).

Para Barthes todo texto é um “gesto coletivo”, sendo escrito-lido por várias mãos. Neste conceito visualiza-se claramente a proposta das Oficinas de Transcriação Biografemáticas, enquanto espaço facilitador da produção não somente à partir do texto lido, mas COM o texto lido (DALAROSA, 2011). A escritura biografemática não se trata de escrever sobre um autor, e sim da possibilidade de uma nova escritura e de um autor/texto reinventado.

Parafraseando Barthes, enquanto escrileitores: loucos não podemos, neuróticos somos.

Referências

BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 1987.

COSTA, Luciano Bedin da. Biografema como estratégia biográfica: escrevendo uma vida com Nietzsche, Deleuze, Barthes e Henry Miller. Porto Alegre: UFRGS, 2010. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

DALAROSA, Patrícia Cardinale. Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida. In: HEUSER, Ester Maria Dreher (Org.). Caderno de notas 1: projeto, notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011. p. 15-29

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